Psiquiatras deveriam lembrar mais do Mini Cooper S. Sim, porque em certos pacientes a depressão é tanta que Prozac nenhum dá jeito. “Precisamos de algo mais forte, mas não posso aumentar sua dose de antidepressivos. Recomendo que você dirija, uma vez ao dia, um Mini Cooper S. Meia hora basta”, diriam os mais comprometidos com a reabilitação do padecente. Bom, para casos perdidos, a versão conversível do compacto inglês certamente curaria qualquer tristeza.
Charmoso, eu?
Mas o tal paciente deve ser rico, já que o Mini Cooper Cabrio S parte de R$ 137.950. O exorbitante valor dá direito a ar-condicionado digital, sistema de som com alto falantes da Harman Kardon, acabamento em couro (são cinco opções de revestimento), rodas aro 17, Mini Connected e faróis bi-xenon, só para citar os principais.
O que não está na lista de equipamentos, porém, é o charme exalado pelo Cooper – qualquer Mini na verdade, mas tratando-se do Cabrio, mais ainda. Isso é imensurável, mas logo identificável pelo já famoso velocímetro central, as luzes ambiente, o ar retrô e, no caso desse modelo, o Always Open Timer, talvez o gadget mais inútil e legal de todos os tempos: ele marca há quanto tempo você está dirigindo com a capota recolhida.
Mas o pequeno inglês não é o tipo de carro que abre mão de comodidade em nome de devaneios estilísticos. Pelo contrário: motorista e passageiro têm bastante conforto, com bancos em couro bons em acomodação e equilibrados entre maciez e firmeza. Só não espere o mesmo na fileira de trás. Não dá pra dizer que os bancos ali são de enfeite, pois eles têm lá sua utilidade. Se um adulto topar uma carona, ele literalmente vai ter que ir de lado, com as pernas em cima do assento. O que não é um defeito, que fique claro: quem comprou um Mini Cabrio sabia disso e, no fundo, não se importa.
Kart
“Nossa, esse painel é o mais legal no carro“, diz minha amiga durante uma breve viagem. Não, Juliana, o painel não é o mais legal no carro. O mais encantador no Mini Cooper não é de ver, mas de sentir: as reações da direção e a truculência do motor dão o show aqui. Além da boa pegada do volante, a direção é diretíssima e pesada, como deve ser em um esportivo (mas calma, ela fica leve nas manobras). O resultado é um estreitamento na comunicação entre rodas e motorista. Nas curvas, ela é precisa, colocando o carro exatamente onde o condutor (que a todo instante se sente um piloto) quer. E aqui entra o trabalho da firme suspensão, que garante incrível estabilidade ao veículo, fazendo-o parecer um kart.
O propulsor 1.6 16V turbo oferece abundante torque em baixas rotações, mas parece resmungar um pouco quando não está trabalhando em altos giros. Sim, é possível – e bem agradável – andar devagar com o conversível, mas nessa situação o motor está contrariado, apenas obedecendo seu dono. O negócio dele é adrenalina, e um pisão mais forte no acelerador é devolvido com forte aceleração. Conselho: segure firme o volante nas arrancadas e saídas de curva, porque as rodas (a tração é dianteira) parecem ficar sem controle – o que é altamente divertido, claro.
Pelo que o Mini Cooper Cabrio S custa, há outros modelos maiores, mais completos e versáteis, mas sem a metade da diversão ao volante do compacto inglês. O ideal seria tê-lo como segundo carro, porque é cansativo enfrentar a sofrível realidade do trânsito brasileiro com ele, que tem também suas limitações de espaço interno e uso – você não vai ao supermercado com um Mini Cooper conversível, vai? Mas arrisco dizer que muita gente aceitaria andar de 1.0 no dia a dia, esperando ansiosamente por mais diversão no final de semana com o Cabrio S – sem contar os que vão fingir uma depressão, só pra poder se “curar” com ele.