O Mini Cooper Roadster tem muito em comum com uma Ferrari 458 Italia Spider e um Lamborghini Gallardo 560-4 Spyder. Antes de “cornetar”, calma. Explica-se: ok, o novo Mini, que chega em versões de R$ 132.950 (Cooper Roadster) e R$ 144.950 (Cooper S Roadster), custa dez vezes menos que os italianos – o Gallardo sai por R$ 1,6 milhão e a 458 conversível, que deve chegar neste mês, ainda não tem preço –, mas se aproxima em muitos outros pontos. Como os superesportivos, ele tem só dois lugares, é relativamente apertado, oferece pouco espaço para bagagens (240 litros) e, por tudo isso, torna-se um carro deliciosamente sem sentido se evocarmos a função básica de um automóvel, ou seja, levar um indivíduo do ponto A ao ponto B.
Mas é interessante ser um carro “sem sentido”? Neste caso, é. Isso porque o Roadster, como a Ferrari e o Lamborghini – cada um em seu mundo –, sacrifica tudo em busca de dois princípios: diversão e estilo. E assim como os italianos, este inglês radicado na Alemanha (o grupo BMW controla a Mini desde 2001) tira nota dez nesses dois quesitos.
Essa é a cara do Cooper Roadster, o Mini mais ousado de todos os tempos. Um híbrido entre “fun car”, esportivo e conversível. Como se não bastasse a ousadia da marca ao baixar o teto de um Cooper S Hatch e limar os bancos traseiros, o que deu origem ao Cooper Coupé, os engenheiros ainda resolveram colocar uma capota retrátil ali para criar o Cooper Roadster. E não há como negar: ficou uma belezinha.
No curto test-drive promovido pela marca inglesa em um circuito fechado de São Carlos, no interior de São Paulo, IG Carros pôde avaliar bem itens como motor, freios e suspensão, mas não teve a oportunidade de analisar a praticidade de um carro tão peculiar no dia a dia e a suspensão em pisos irregulares.
Logo ao entrar no Cooper S Roadster branco (se você não gostou, tudo bem: personalizar o carro é a praia da Mini), que já estava com a capota aberta esperando o próximo motorista, é interessante notar como o para-brisa termina quase junto à cabeça de um motorista de 1,80 m de altura. Olhando para trás, dá para perceber que não espaço para nenhum carona inconveniente. É só você é uma boa companhia.
Na mesma pegada
Apesar da proposta mais ousada, o Cooper S Roadster traz o mesmo conjunto mecânico do Cooper S Hatch: motor 1.6 16V turbo de 184 cv de potência a 5.500 rpm e 24,5 kgfm de torque a apenas 1.600 rpm. Tudo em um carrinho de apenas 1.185 kg.
Na primeira engatada, é fácil perceber como o torque em baixa conseguido graças ao turbo instiga na pisada inicial no acelerador. O giro sobe rápido quando o pé direito exige e as retomadas são fáceis mesmo sem pressionar tanto o pedal.
Mas, como em todo Mini, é na hora de fazer curvas que o Roadster mata a pau. Com o controle de estabilidade desligado e um pouco de grama na área de escape para trazer alguma tranquilidade, o Roadster vai exatamente onde você quer. É frear, apontar a frente e sentir a carroceria rolar sem sustos. O conjunto acertado e a direção rápida e precisa credenciam o charmosinho conversível a desafiar esportivos em autódromos. O botão Sport, que altera os parâmetros do motor, é outro aliado nessa divertida batalha virtual. Para animar, alguns números de fábrica: 0 a 100 km/h em 7 segundos e 227 km/h de velocidade máxima.
É verdade que o carro ideal para isso seria o cupê, já que o peso extra (20 kg) e a carroceria com maior torção por conta da ausência de um teto fixo no Roadster exigem um pouco mais de atenção, mas se a ideia for só se divertir sem buscar décimos de segundo, pode fazer a inscrição no próximo track day.
Ok, sua praia não é acelerar tanto? A Mini também oferece o Cooper Roadster, com motor 1.6 16V sem turbo, de 122 cv a 6.000 rpm e 16,3 kgfm de torque a 4.250 rpm. Essa versão, no entanto, não estava disponível no test-drive.
Charmoso, estiloso... e caro
A versão mais barata vem com itens básicos para carros deste preço, como som com entrada auxiliar, ar-condicionado, direção assistida e sensor de estacionamento, mas não oferece nada extra pelo salgado preço cobrado. Entre os opcionais, itens como faróis de xenônio, som Harman Kardon e sistema de navegação. Neste caso, é bom não se iludir: para deixar o carro com um visual bacana e bem equipado, pode separar mais uma boa verba para os opcionais. Sim, os Mini são caros se você analisar friamente.
No quesito segurança, as barras de aço inoxidável protegem os ocupantes em casos de capotagem ao subir automaticamente a partir de 80 km/h. Há ainda freios ABS com distribuição da força de frenagem, controles de estabilidade e tração.
O Cooper Roadster está longe de ser uma Ferrari ou um Lamborghini, mas cumpre as mesmas funções em um mundo mais pé no chão. “Pé no chão” quando a referência são carros de mais de R$ 1 milhão, é claro.